Uma ferramenta imprescindível para todo líder cristão é a Palavra de Deus. Parece redundância e uma obviedade afirmar isto, porém vejamos abaixo como muitas vezes estamos aquém daquilo que se espera quanto à importância dada a Ela. Não é uma lista exaustiva, porém está em ordem de prioridade:
1º) Para si – a maioria de nós quando estuda a Palavra está sempre preocupado em como poderá aplicar o texto lido no próximo culto, na reunião de ensino bíblico ou em algum aconselhamento, porém esta posição está equivocada, pois primeiro a Bíblia precisa queimar nosso coração para depois ser aplicada a outros. Martinho Lutero, o grande reformador, ensinou uma maneira singular de estudar a Bíblia, que ele chamava de “cordão de quatro dobras”, que consistia em escolher um texto bíblico, de preferência o sermão da Montanha, ou alguma escritura que contivesse aplicações práticas, com a qual assim procedia: a) meditação sobre o texto procurando entender seu sentido; b) verificação no coração de pecados relacionados ao texto e confissão dos mesmos ao Senhor; c) pedir ao Senhor para que o versículo em apreço se torne realidade em sua vida; d) agradecer ao Senhor pelos avanços já atingidos e sua provisão sobre o texto. Este método, que não é único, inflama o coração e faz com que a Palavra produza as mudanças necessárias em nós para nos tornar como Jesus, o que realmente produz impacto sobre as vidas de quem ministramos.
2º) Para os outros – somente quando estivermos encharcados, insuflados e inflamados pela Palavra é que temos condições de transmiti-la para outros, sob o risco de sermos hipócritas diante daqueles a quem ministramos, caso não sejamos nós primeiro transformados por Ela. Para isto ouvimos a voz do Espírito Santo, consultamos várias versões de Bíblias, dicionários e concordâncias ou outros materiais disponíveis e, de forma organizada e clara, ensinamos aos outros.
3º) Confronto e conforto – precisa haver equilíbrio entre estas duas verdades contidas na Palavra de Deus para gerar crentes saudáveis, pois Ela sempre é juízo e graça, lei e evangelho. O confronto refere-se ao fato de que muitas vezes pregamos um evangelho voltado apenas às necessidades das pessoas, sem ter coragem de denunciar a sua condição de rebelião contra Deus, pois ainda não confessaram seu pecado nem creram em Cristo para a salvação (2 Co 7.9). Somente quando esta condição é preenchida é que o homem encontra o conforto da Palavra, ou seja, torna-se herdeiro de todas as bênçãos celestiais e passa a desfrutar do descanso dos braços amorosos do Pai.
4º) Pureza doutrinária – os passos anteriores produzem em nós pureza doutrinária, o que evita que sejamos levados por qualquer “vento de doutrina” (Ef 4.14), especialmente quando substituímos sermões avivados pelo fogo do Espírito por sermões avivalistas que apenas buscam o aplauso e louvação do auditório, que ao final se resumem a um amontoado de chavões e jargões evangélicos, sem, contudo produzir a mudança necessária nas pessoas.
Somente quando nosso coração é lavrado e sulcado pela Palavra de Deus é que manteremos a nós e aqueles que nos ouvem, na simplicidade e poder transformador do Evangelho. “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8.29)
07/06/2013
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