​História da Harpa Cristã

​História da Harpa Cristã
26/05/2022

A Harpa Cristã, o hinário oficial das Assembleias de Deus no Brasil, foi especialmente organizada com o objetivo de enlevar o cântico congregacional e proporcionar o louvor a Deus nas diversas liturgias da igreja: culto público, Santa Ceia, batismo, casamento, funeral e outras ocasiões especiais.
 
Em seus primórdios, as Assembleias de Deus usavam os Salmos e Hinos para o seu cântico congregacional, que era o hinário utilizado por diversas igrejas evangélicas históricas. Mas, em virtude das peculiaridades históricas e doutrinárias do pentecostalismo, os pioneiros sentiram a necessidade de um hinário que também enfocasse as verdades pentecostais. Em virtude dessa premência, os missionários suecos que lideravam a Assembleia de Deus em Belém (PA), prepararam um hinário cuja impressão ficou pronta em 6 de outubro de 1917, contendo 194 hinos.
 
Quatro anos depois, em 1921, foi lançado o Cantor Pentecostal, impresso pela tipografia Guajarina, sob a orientação editorial do pastor Almeida Sobrinho. Ele tinha 44 hinos e 10 corinhos, e foi distribuído pela Assembleia de Deus de Belém que, naquela época, achava-se localizada na Travessa 9 de Janeiro, nº 75.
 
Foi somente em 1922 que foi lançada, com 100 hinos, que viria a se tornar o hinário oficial das Assembleias de Deus no Brasil. Sob a orientação editorial do pastor Adriano Nobre, ela teve uma tiragem inicial de mil exemplares, os quais foram impressos nas oficinas do Jornal do Comércio e foram distribuídos para todo o Brasil pelo missionário Samuel Nyström.
 
A segunda edição da Harpa Cristã, já com 300 hinos, foi impressa nas Oficinas Irmãos Ponguetti, no Rio de Janeiro, em 1923, com uma tiragem de 3000 exemplares. Na terceira edição, em 1932, tinha a Harpa Cristã 400 hinos, e a tiragem foi de 5000 exemplares. A quarta edição teve uma tiragem de 10000 exemplares e contava com 458 hinos; e a quinta, com 512 hinos, foi de 8000 exemplares. Da quarta edição, com 458 hinos, foram publicados ainda mais 4000 exemplares além dos 10000 iniciais. O preço mais barato do hinário foi de 3 mil-réis.
 
Sucederam-se mais outras edições, vindo estas a serem impressas já nas oficinas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus, fundada em 1940. Com o passar dos tempos, outros hinos haviam sido acrescentados até que o nosso hinário oficial, em 1941, atingisse 524 hinos, número este que durante várias décadas caracterizou a Harpa Cristã.
 
Até 1981, quase todos os hinos da Harpa Cristã já haviam sido revisados. Os de tons mais altos foram transpostos para tons mais acessíveis ao cântico congregacional. Na elaboração dos hinos, muito contribuiu o missionário Samuel Nyström. Como não tivesse perfeito conhecimento da língua portuguesa, ele traduziu, literalmente, diversas letras da riquíssima hinódia escandinava. Para que os poemas fossem adaptados às suas respectivas músicas, foi necessário que o pastor e músico Paulo Leivas Macalão empreendesse essa tarefa. Por isso, o pastor Macalão assina grande parte dos hinos da Harpa Cristã. A maioria esmagadora dos hinos que assina no hinário assembleiano não é de sua autoria ou tradução, mas carrega seu nome por ter sido o adaptador. Somente alguns poucos, de fato, são traduções dele de alguns hinos (caso, por exemplo, do hino 499, traduzido do espanhol) ou composições próprias (caso, por exemplo, do hino 149).
 
O primeiro caso de um hinário com música nas Assembleias de Deus ocorreu em 1929, em Belém, quando os pastores Samuel Nyström e Julião Silva publicaram, naquela cidade, uma edição da Harpa Cristã só com música, tendo apenas os títulos dos hinos, por não lhes ter sido possível imprimir letra e música. A gráfica impressora foi a do jornal Boa Semente, que precedeu o Mensageiro da Paz, e que funcionava na travessa 9 de Janeiro, o Livro de Música da Harpa Cristã, mimeografado, contendo a música de 400 hinos. Nessa época, a Harpa Cristã sem música estava na sua 4ª edição.
 
Em 1937, a Convenção Geral das Assembleias de Deus, reunida em São Paulo, convocou uma comissão para editar e imprimir a Harpa Cristã com música. Desta comissão faziam parte Emílio Conde, Samuel Nyström, Paulo Leivas Macalão, Jahn Sörheim e Nils Kastberg. Neste empreendimento, também tomou parte ativa Carlos Brito.
 
Em 1979, mediante proposta apresentada pelo pastor Adilson Soares da Fonseca, o Conselho Administrativo da CPAD, cumprindo resolução da Assembleia Geral da CGADB, reunida em Porto Alegre (RS) naquele ano, convocou uma comissão para proceder a uma revisão geral da música e da letra dos hinos da Harpa Cristã. A comissão era formada pelos pastores Paulo Leivas Macalão, Túlio Barros Ferreira, Nicodemos José Loureiro, Antonio Gilberto e João Pereira. Nesta empreitada, também tomou parte ativa o pastor e consagrado poeta Joanyr de Oliveira. Em termos técnicos, os trabalhos contaram com dois obreiros especializados: João Pereira, na correção e adaptação da música, e Gustavo Kessler, na revisão das letras.
 
Com esse trabalho da comissão, surgiu a Harpa Cristã atualizada, lançada em 1992, contendo 628 hinos, com uma nova sequência numérica distribuída em seis grupos temáticos. Entretanto, a maioria das igrejas optou por ficar com a harpa tradicional. De qualquer forma, a experiência serviu para rever a hinódia pentecostal, tornando-a mais viva e participativa nas reuniões das Assembleias de Deus. Fez-se então necessário manter os antigos 524 hinos na sequência numérica tradicional, acrescentando-se os 116 novos hinos da Harpa Cristã atualizada. Surgiu, assim, em 1996, a atual Harpa Cristã ampliada, com 640 hinos.
 
A Harpa Cristã tem sido o instrumento de consolidação nacional da hinologia pentecostal. Um dos motivos que colaborou para isso foi o fato de cada crente ter que possuir o seu próprio hinário e levá-lo para a igreja, diferentemente das igrejas dos Estados Unidos, por exemplo, em que os templos possuem e fornecem gratuitamente exemplares do hinário para os fiéis usarem em seus cultos.
 
(Fontes: ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal, Rio de Janeiro: CPAD, 2007; DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Rio de Janeiro: CPAD, 2004; VINGREN, Ivar. O diário do pioneiro – Gunnar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 1973; p. 83; CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 2000, cap.2; ALMEIDA, Abraão de et ali. Histórias das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 1982, p.75; Despertamento Apostólico no Brasil. Tradução: Ivar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1987, pp. 126,127; Apresentação. Harpa Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 1992; Mensageiro da Paz, CPAD, julho 1939, p. 2, 1ª quinzena; abril 1986, p. 6; setembro 1995; junho 1932, p. 8, 2ª quinzena; maio 1991, p.2; outubro 1931, p. 7; Obreiro, CPAD, abril-junho 1979, p. 46).
 
 
 

Demétrio Daniel dos Santos Ferreira
Obreiro da IEADJO, Locutor na Rádio 107,5 FM. Jornalista - MTB SC 6144 JP

Comentar

2 + 6 =
Para evitarmos "spams". Resolva esta simples operação matemática. Exemplo: 1+3, digite 4.