Certa vez, Charles Spurgeon afirmou que preferiria ensinar um homem a orar do que dez homens a pregar. O príncipe dos pregadores, como era conhecido, com mais de 3600 sermões publicados, sabia sobre o que estava falando. A oração é um instrumento de grande poder e que precisa fazer parte da vida de todos nós que almejamos caminhar no centro da vontade divina.
Os desafios cotidianos e a longa caminhada fadigam o cristão. Mas, na oração podemos sentir a presença de Deus envolvendo nossa fragilidade humana e nos impelindo a ver com nitidez os passos que devemos dar sempre acompanhados pela condução do Santo Espírito.
É assim que a oração direciona o ser humano que almeja uma verdadeira intimidade com o Pai Amado. Na oração somos fortalecidos, amparados, consolados, conduzidos e abraçados pela doce atmosfera que se cria quando Deus está presente em nossas vidas. Essa atmosfera não tem relação com as circunstâncias externas que se apresentam em nossa volta, mas sim, com o quanto nos deixamos envolver com a presença divina em nossas vidas, em nossos sentimentos e em nossos anseios. Guardemos com convicção as preciosas palavras do salmista: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 145.18).
A oração se constitui em um grande privilégio para todos nós! É a oportunidade que temos em chegarmos diante do Pai e, em nossa simplicidade e incompletude, abrirmos os nossos corações em um diálogo franco e confiante de que seremos ouvidos e acolhidos em nossos anseios.
É na oração que vivemos um momento de grande comunhão com Deus e podemos experimentar, de forma cristalina, o que é “estar perto”, para que gozemos com o Soberano Deus uma nova vida conquistada mediante o sacrifício de cruz. É na oração que cada um de nós, pequeninos como somos, temos acesso direto aquele que tanto nos amou e que deu o seu filho unigênito para que fôssemos salvos (Jo 3.16).
Em um mundo tão dinâmico e inconstante, certas práticas vão sendo deixadas de lado. Disciplinas espirituais que são essenciais ao ser humano vão sendo desmerecidas em função de uma série de equívocos que custam um alto preço. Horários acirrados, compromissos que exigem uma postura arrojada e proativa, decisões que desmerecem o ser humano espiritual e valorizam cada vez mais o material e o lucrativo. Enfim, em um cotidiano que privilegia o lucro e a competitividade, ganha terreno um modo de vida que leva a uma desconexão do que realmente é essencial ditando regras cruéis a todos fazendo com que, se não cuidarmos, sejamos envolvidos em um desejo de objetivos materiais que, gradualmente, vai levando-nos ao afastamento de Deus.
O cristão precisa ter em seu Amado Mestre a sua referência maior e, com fidelidade, na oração deve buscar a presença divina em uma intimidade restauradora. A oração precisa fazer parte da vida de todo cristão, independente da sua idade e maturidade. O crente que traz essa prática para o seu dia-a-dia será edificado e viverá experiências que o permitirá ser usado por Deus nos mais diversos momentos e, de forma ímpar, será canal das bênçãos divinas aonde for.
A Bíblia Sagrada nos revela belíssimos exemplos de personagens que tiveram uma vida de oração buscando a Deus com todo o coração e experimentando uma maravilhosa comunhão.
Ao lermos as orações feitas por Moisés durante o êxodo (Êx 33.12-17) e por Paulo quando intercedia pelos efésios (Ef 3), claramente nos vislumbramos com a ousadia de pessoas que tinham um elevado grau de intimidade com o Pai. Uma relação que implicava em tempo de qualidade, senso de prioridade e sede por Deus.
Em Abraão, Moisés e Daniel podemos ver evidências de vidas de oração. O patriarca hebreu nos mostra que a oração é uma prática diária que nos leva a uma prazerosa dependência divina (Gn 11.33). O libertador do povo de Israel era conhecido de Deus pelo nome e com o Pai falava face a face (Êx 33.11). Já o estadista do exílio tinha na oração o seu estilo de vida (Dn 6.10).
Há também a oração quando faltam as forças para pronunciar até as mais simples palavras. Ana, em lágrimas, se derramou na presença do Senhor e foi abençoada com o filho que lhe trouxe grande alegria (1 Sm 1). Segundo John Bunyan, “na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração”. As palavras que faltam em certos momentos de nossas vidas, são expressas pela nossa total entrega diante de Deus ao derramarmos nossos corações diante dEle.
Com Neemias, percebemos o quanto precisamos depender de Deus em todos os momentos. Não apenas antes de iniciar seu grande projeto, mas também nas mais diversas ocasiões, o Senhor fez-se presente e conduziu a grandiosa obra que estava sendo feita. O próprio Neemias reconheceu a ação divina e, em profunda gratidão, declarou que “...Deus fizera a obra.” (Ne 6.16). Sobre essa maravilhosa dependência, Hudson Taylor certa vez afirmou: “Quando trabalhamos, nós trabalhamos, quando oramos, Deus trabalha”.
Com Jeremias, Habacuque e Paulo, entre outros, aprendemos que há também as orações que são respondidas da forma como não esperávamos ou ainda as que nem respondidas são. O profeta em lamento intercedia pelo povo, mas a resposta de Deus veio em forma de juízo (Jr 14). O outro, abertamente, porém com temor, questionava ao Senhor. O resultado: a maravilhosa revelação de que o justo deveria viver pela fé (Hb 2.4). Já o apóstolo queria se livrar do espinho na carne, mas Deus o ensinou que a graça basta (2 Co 12). Três nãos, três maravilhosas respostas divinas.
Já em Jesus temos a maior referência acerca da vida de oração! Com a parábola do fariseu e do publicano, aprendemos sobre essência (Lc 18.9-14). Com a oração do Pai Nosso, abraçamos um verdadeiro estilo de vida (Mt 6.5-13). Na oração sacerdotal, vislumbramos a total dependência de Deus (Jo 17).
Acerca da vida de oração, Dwight Moody nos presenteou com uma frase reveladora: “Aqueles que deixaram a mais profunda marca nesta terra amaldiçoada pelo pecado foram homens e mulheres de oração. Você descobrirá que a oração é a força poderosa que tem movido não somente a mão de Deus, mas também o homem”. Amado cristão: permita que a oração possa, cada vez mais, fazer parte de sua vida. Abrace em todos os momentos de sua existência essa prática e se permita ter uma trajetória de íntima comunhão com Deus.
*** Por Pr. Marcos Tedesco: Pastor auxiliar na Assembleia de Deus em Joinville (SC), coordenador do Departamento Infantil Herança do Senhor, mestre em Educação, especialista em Antigo Testamento, pedagogo, historiador e teólogo; professor na Faculdade Teológica Refidim, coordenador pedagógico do Colégio Evangélico Pastor Manoel Germano de Miranda em Joinville; pregador, escritor, palestrante e comentarista das Lições Bíblicas da CPAD.
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