“Agora, envio a vocês a promessa de meu Pai. Mas fiquem na cidade até que sejam revestidos do poder do céu”. Lucas 24:49
Mateus, Marcos e Lucas são chamados de evangelhos sinóticos. A palavra sinótico vem do grego e quer dizer “Sob a mesma ótica ou mesma visão”. Isso porque esses três evangelhos são muito parecidos e possuem em muitas partes as mesmas narrativas. Mesmo com essa semelhança, cada evangelista escreveu dentro de um prisma.
Mateus descreveu Jesus como Rei dos Judeus, Marcos, por sua vez, o descreveu como O Servo de Deus e Lucas o descreveu como Homem Perfeito. Dentro dessas perspectivas, cada autor foi enfatizando e selecionando o material que queria passar aos seus destinatários. Existem alguns relatos que estão nos três evangelhos, como a multiplicação dos pães, a crucificação, etc.
Em outros casos, não vemos se repetir o episódio. Agora, o curioso nesses três relatos é que o final de Marcos consta o imperativo do mestre: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Isso mostra que Jesus desejava que seus discípulos fossem pregar o evangelho a toda criatura. O termo “ide” está no imperativo, isso porque o termo original remete uma ordem que Jesus dá aos seus seguidores.
Não é uma opção evangelizarmos, é uma resposta a nossa obediência ao chamado de Cristo e ao que Ele tem nos ordenado. Em Mateus o imperativo consta da seguinte forma: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Neste texto, há um acréscimo importante que remete a fazermos discípulos e ensinarmos as pessoas.
Então, devemos tratar a bíblia de forma completa e irmos, pregarmos a toda criatura, mas termos a intenção de cuidarmos destas que se rendem ao evangelho, discipulando, ensinando e cuidando para que permaneçam firmes no propósito de Deus.
Mais uma vez, enfatizo que isso não é uma sugestão, discipular e ensinar fazem parte do mesmo imperativo, uma ordem vinda diretamente da parte de Deus para que venhamos obedecer. Se irmos além, podemos dizer que quando não estamos envolvidos com evangelização, discipulado e ensino, não estamos obedecendo uma ordem direta de Jesus explícita nos evangelhos.
Agora, quando olhamos para o evangelho de Lucas, veremos que o evangelista descreve Jesus mandando os discípulos ficarem na cidade de Jerusalém, não vemos Ele mandar seus discipulos irem pregar, discipular ou ensinar.
Por que o final desse evangelho muda tanto para a ordem dada por Jesus nos outros evangelhos?
Veremos nessa série de pequenas reflexões que Lucas analisa a obra do Espírito de maneira peculiar e singular. Sua intenção é demonstrar que a vinda do Espírito Santo era profética e capacitadora, ou seja, antes de irem pelo mundo anunciando o evangelho, eles precisavam ser revestidos de poder, para anunciar as boas novas com ousadia e graça, debaixo do poder do Espírito Santo de Deus.
Para cumprirem o “Ide” de Jesus, deveriam antes “ficar em Jerusalém” para que fossem “Cheios do Espírito Santo”.
No próximo episódio analisaremos o termo “cheio do Espírito Santo” dentro da perspectiva de Lucas.
*Por: Pb. Anderson Fábio - É teólogo, pós graduando em arminianismo e Dirigente da IEADJO São Paulo.
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