No dia 31 de outubro estaremos comemorando 499 anos da Reforma Protestante. Este movimento envolveu muitos personagens importantes, que foram essenciais para seu desenvolvimento e aprimoramento dos ensinos reformados. Quando falamos em Reforma, sempre lembramos de nomes como Lutero e Calvino. E, com certeza, estes são uns dos principais nomes que deram o “pontapé inicial” da revolução eclesiástica naquela época.
Um personagem que não se destaca muito no meio reformado e que muitas vezes é mal compreendido, que foi tratado como herege após a sua morte, mas até hoje sua vida, teologia e pensamento influenciam toda a igreja cristã é o teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609).
Jacó Armínio é lembrado nos anais da história da igreja como o controverso pastor e teólogo holandês que escreveu inúmeras obras, acumulando três grandes volumes, defendendo uma forma evangélica de sinergismo (crença na cooperação divino-humana na salvação) contra o monergismo (crença de que Deus é a realidade totalmente determinante na salvação, que exclui a participação humana).[1] Essa visão monergista foi ensina por João Calvino e seus seguidores, e está registrada no livro do mesmo chamado As Institutas.
A importância de Armínio para a Reforma é inegável, mesmo que fosse contra os ensinos dos líderes de sua época. Vamos enumerar apenas dois fatores que mostram sua importância:
Em primeiro lugar, toda a igreja cristã em sua época estava focada na doutrina da predestinação absoluta, ou, dupla predestinação. Muitos teólogos, com seus posicionamentos doutrinários, davam a entender que Deus, o autor de todas as coisas, também é o autor do pecado. Enalteciam a soberania de Deus, mas degradavam outros atributos, como seu amor e justiça.
Em segundo lugar, Armínio resgatou as doutrinas sinergistas ensinadas pelos primeiros pais da igreja antes de Agostinho. Teólogos como Irineu, Ambrósio, Tertuliano, entre outros, tinham Deus como autor da salvação pela graça, havendo uma cooperação humana.
Inicialmente, o próprio Agostinho, ensinou o sinergismo evangélico, e foi este mesmo pai da igreja que trouxe o conceito da “graça preveniente”, usado posteriormente por Armínio. Esta graça, para Armínio, era a capacitação inicial da salvação, dando ao homem o poder de receber de Deus todo o plano que Ele já havia estabelecido. Armínio nunca exaltou o livre arbítrio humano, mas exaltava a graça como fator inicial, cooperante e efetivo na salvação. Como ele mesmo disse: "Nenhum homem crê em Cristo a menos que tenha sido previamente disposto e preparado pela graça preveniente."
É incontestável a importância e a participação de Armínio na Reforma. Numa época em que o caráter de Deus era maculado, fazendo com que o Deus Santo se tornasse o autor do pecado, Armínio resgatou as doutrinas primárias da igreja, cristalizando a visão do Deus das Escrituras, como o Deus: Amoroso, Justo e Soberano sobre todas as coisas.
1. Olson – Roger. Teologia arminiana. Mitos e realidades – Pag. 16
Escrito Por: Pb. Anderson Fabio - Superintendente da EBD no Setor 37, Professor de Teologia.
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